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Errol Garner

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Billie Holiday





"Ninguém canta como eu a palavra fome ou a palavra amor. Sem dúvida, porque eu sei o que há por trás dessas palavras" (Billie Holiday)

Negra, pobre, prostituída, ainda na adolescência, a vida instável, levada entre reformatórios e cabarés das ruas do Harlem, até às casas de espetáculos mais prestigiadas do planeta; entre a fome e a pobreza, o sucesso arrebatador e, a consolidação como a melhor de todos os tempos. Em cada canção, há uma mistura sutil, de diferentes estados d'alma. Billie nunca está totalmente alegre, inteiramente amorosa, ou, completamente abandonada. Sua verdade é bem mais complexa! Teve uma infância humilde e conturbada, fomentada pelo abandono materno. pelas dificuldades financeiras, pelo abuso sexual, pelas várias passagens por reformatórios, pela iniciação à prostituição...Sua mãe, Sarah Harris, muito pobre, separada do marido, não tinha condições de cuidar da filha, deixando-a aos cuidados de sua meia-irmã que, por sua vez, passou Billie, para a responsabilidade de sua sogra. A pequena, futura grande diva do jazz, passou por grande apertos. Mais tarde, Billie voltaria aos cuidados de sua mãe. Nessa época, passou a ajudar sua mãe no restaurante, em Baltimore, foi quando foi abusada sexualmente por um vizinho. Curioso é que, ao invés do estuprador ser penalizado, quem sofreu as consequências foi a vítima - Billie, que foi levada para um reformatório...A história de Billie, é um dramático relato de blues! Na condição de pobre, negra em um país que vivia um período de  segregação racial violento, Billie, para sobreviver, passou a oferecer serviços domésticos a um bordel e, consequentemente, passou a se prostituir. E foi, em um desses quartinhos de bordel, que Billie ouviu pela primeira vez, em uma vitrola, um disco de Louis Armstrong e Bessie Smith. Ali nasceu sua paixão pelo jazz. Bessie e Armstrong seriam suas grandes influências. Billie começou a cantar nesse mesmo bordel, em Baltimore. A história de Billie é longa e apaixonante...Uma de suas canções que eu mais gosto é "Strange Fruit", uma composição de Lewis Allan - pseudônimo do escritor Abel Meeropol, um judeu comunista que morava em Nova Iorque. Esta canção ficou eternizada na voz de Billie em 1939. A canção relata, como nenhuma outra, a grande violência impingida aos negros e, tornou-se um símbolo da luta contra a discriminação racial nos EUA. O "fruto estranho", citado na canção, faz alusão aos linchamentos ocorridos, principalmente no sul dos EUA, onde os corpos dos negros linchados, ficavam expostos, pendurados em árvores. O mais assustador é ver fotografias dessa época e perceber, com que naturalidade, as pessoas ficavam "admirando" os cadáveres pendurado... Em 2012, foi lançado, aqui no Brasil, o livro "Strange Fruit: Billie Holiday e a radiografia de uma canção", escrito pelo jornalista David Margolick, com tradução de José Rubens Siqueira, e que reflete sobre a emblemática canção naquele momento em que foi lançada e todo o seu contexto histórico ligado ao período da segregação racial nos EUA. Bem, só nos resta agora, ouvir Billie...Boa audição!




Freddie Hubbard,



O trompetista FREDDIE HUBBARD, máximo expoente do hard-bop, não necessita de grandes introduções, pois, sem dúvida alguma, foi um dos mais importantes trompetistas do jazz moderno. Sua morte, há 7 anos atrás (28/12/2008), representou uma grande perda para o jazz. Nesse vídeo abaixo, Freddie Hubbard presta uma homenagem ao grande Clifford Brown, interpretando, magistralmente "I Remember Clifford". Boa audição!